(...)
Esta al fin me engulle
Y mientras por su esofago paseo
Voy pensando en que vendra
Pero se destruye
Cuando llego a su estomago
Y planteo con un verso
Una verdad
(Milton Nascimento e Mercedes Sosa)
Sonhar com serpentes tem sido tantos ultimamente. Parte de uma música de grandes vozes da América Latina me cai bem nesses últimos dias. Não parto da idéia antiga de um faquir, em engolir espadas, ou de um encantador de serpentes indiano. Faço das letras latinas para, ao som de um baixo que enche a alma, refletir sobre serpentes. Engoli-las, deixando passá-las pelo esôfago e no estômago deixar que elas se aninhem. Evacuá-las seria o natural, mas não. Há uma verdade nisso tudo, uma verdade de chamar a atenção desses sonhos terríveis, mas real. A verdade está nas serpentes, nos dias nebulosos, das conversas de cortar os outros, da mesmice repetitiva, fortemente reverente.
Sonho nº 01: serpentes envolvidas nos pescoços das vítimas, estas que acham que o mundo tem saída, uma vez de tantas catástrofes, de gelos tornando-se água, de animais sendo extintos;
Sonho nº 02: dentro das urnas e fora delas, serpentes das mais variadas, de línguas bifurcadas, terríveis e intrigantes;
Sonho nº 03: serpentes com línguas tiranas, vinda das mulheres, que serpenteiam pelas calçadas, pelos caminhos mais tortuosos e estão dentro de casa.
De todos os sonhos, vale ressaltar versos para amenizar esses temas tão frívolos, audazes, intolerantes. Estamos sempre cercados por pessoas que cortam os outros, que não param de falar dos outros, de incomodar-se com a vida dos outros, mas as catástrofes nem tanto. O pesadelo é bem mais distante, embora quero mostrar que ela de vez por outra acontece, em pequena escala, é verdade.
Aquele segundo nos mostra, não poeticamente, mas em prosa, de que essas serpentes sempre estão vivas, sorrateiras, num indo e vindo em busca de botes, de presas, de sangue.
O terceiro faz parte da gente, de um dia a dia em que quem tem a mulher ao lado, lambe-se nas suas escamas, e nunca a deixa.
Sueño com serpientes, num espanhol cantado a duas vozes enche-me a alma, acompanhado de um baixo fabuloso, penetra nos meus tímpanos, mas me dá uma conotação de desabafo nesses dias difíceis.
Serpentes se tem por todos os lados, até por dentro, e temos que engoli-las, infelizmente, a gosto e a contra gosto, mas um dia, quem sabe, teremos que evacuá-las, até porque poderão incomodar, maltratar, desumanizar.
Esta al fin me engulle
Y mientras por su esofago paseo
Voy pensando en que vendra
Pero se destruye
Cuando llego a su estomago
Y planteo con un verso
Una verdad
(Milton Nascimento e Mercedes Sosa)
Sonhar com serpentes tem sido tantos ultimamente. Parte de uma música de grandes vozes da América Latina me cai bem nesses últimos dias. Não parto da idéia antiga de um faquir, em engolir espadas, ou de um encantador de serpentes indiano. Faço das letras latinas para, ao som de um baixo que enche a alma, refletir sobre serpentes. Engoli-las, deixando passá-las pelo esôfago e no estômago deixar que elas se aninhem. Evacuá-las seria o natural, mas não. Há uma verdade nisso tudo, uma verdade de chamar a atenção desses sonhos terríveis, mas real. A verdade está nas serpentes, nos dias nebulosos, das conversas de cortar os outros, da mesmice repetitiva, fortemente reverente.
Sonho nº 01: serpentes envolvidas nos pescoços das vítimas, estas que acham que o mundo tem saída, uma vez de tantas catástrofes, de gelos tornando-se água, de animais sendo extintos;
Sonho nº 02: dentro das urnas e fora delas, serpentes das mais variadas, de línguas bifurcadas, terríveis e intrigantes;
Sonho nº 03: serpentes com línguas tiranas, vinda das mulheres, que serpenteiam pelas calçadas, pelos caminhos mais tortuosos e estão dentro de casa.
De todos os sonhos, vale ressaltar versos para amenizar esses temas tão frívolos, audazes, intolerantes. Estamos sempre cercados por pessoas que cortam os outros, que não param de falar dos outros, de incomodar-se com a vida dos outros, mas as catástrofes nem tanto. O pesadelo é bem mais distante, embora quero mostrar que ela de vez por outra acontece, em pequena escala, é verdade.
Aquele segundo nos mostra, não poeticamente, mas em prosa, de que essas serpentes sempre estão vivas, sorrateiras, num indo e vindo em busca de botes, de presas, de sangue.
O terceiro faz parte da gente, de um dia a dia em que quem tem a mulher ao lado, lambe-se nas suas escamas, e nunca a deixa.
Sueño com serpientes, num espanhol cantado a duas vozes enche-me a alma, acompanhado de um baixo fabuloso, penetra nos meus tímpanos, mas me dá uma conotação de desabafo nesses dias difíceis.
Serpentes se tem por todos os lados, até por dentro, e temos que engoli-las, infelizmente, a gosto e a contra gosto, mas um dia, quem sabe, teremos que evacuá-las, até porque poderão incomodar, maltratar, desumanizar.
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