Se há uma cidade peculiar para FINADOS, chama-se Juazeiro do Norte, terra do Padre Cícero e de tantos outros cíceros atuais e vindouros. O sol de início de novembro castiga todos os vivos e esquece todos os mortos. Os vivos que peregrinam pelas terras santas, agora refletem na alma o gosto agridoce na reverência aos seus mortos, aos seus entes queridos, ao passado imorredouro.
Que sol é esse que castiga, que maltrata, que faz com que os vivos busquem água, como se estivéssemos num deserto, enquanto que sob chapéus de palhas e pelos dedos que debulham os rosários se tem a impressão de que o fim do mundo está próximo? São nessas horas que se passa pelas nossas cabeças a idéia de fim de mundo, ou da certeza plena que outros Finados virão e que faremos parte de uma nostalgia comemorativa.
Sempre nessa época vejo a cara da nossa cidade com tantas outras que vêm em busca da “salvação”, da terra prometida em tempos de se clamar pelos que já se foram, como se nós nunca lá chegássemos. Vejo, pela periferia dos olhos um cenário de sol, castigo e muitos benditos. Mas, incrivelmente, vejo um amontoado de comércio que busca sobrevivência nas lágrimas dos outros. São miçangas, rosários, santos, redes, correntes, indumentárias, tudo que leva a crer que mortos nenhuns se beneficiariam com tais comercializações. E onde se encontra a verdadeira devoção pelos mortos?
Negócios à parte, é um mar de gente vindo de todo o Nordeste, em todos os veículos imagináveis, confortáveis e desconfortáveis. São cabeças e sentenças que pisoteiam o chão do Cariri numa busca incessante da redenção. Vendo, assim do alto, não se distingue quem é quem na multidão, mas se sabe que o romeiro tem sua peculiaridade: os trajes, os olhares de ansiedade, os gestos, a fila indiana. Sabemos o que ele busca, e a temeridade que se tem, é que talvez custe ainda em encontrar. Os tempos mudaram, os ares são outros, a cidade é a mesma, mas as pessoas mergulharam num mar de vanguarda que o sacro anda ao longe. Salva-se, ainda, o pau-de-arara, aquele carro antigo e suas carrancas, e as indumentárias religiosas pintalgadas aqui e ali. Salva-se a fé, embora ainda encontrem uns benditos perdidos entre uma miçanga e um copo d´água. Falta nesse tempo de finados um quê de chamar a atenção de quem morreu e deixou seu marco fincado nessa terra de homens, santos e pecadores.
Que sol é esse que castiga, que maltrata, que faz com que os vivos busquem água, como se estivéssemos num deserto, enquanto que sob chapéus de palhas e pelos dedos que debulham os rosários se tem a impressão de que o fim do mundo está próximo? São nessas horas que se passa pelas nossas cabeças a idéia de fim de mundo, ou da certeza plena que outros Finados virão e que faremos parte de uma nostalgia comemorativa.
Sempre nessa época vejo a cara da nossa cidade com tantas outras que vêm em busca da “salvação”, da terra prometida em tempos de se clamar pelos que já se foram, como se nós nunca lá chegássemos. Vejo, pela periferia dos olhos um cenário de sol, castigo e muitos benditos. Mas, incrivelmente, vejo um amontoado de comércio que busca sobrevivência nas lágrimas dos outros. São miçangas, rosários, santos, redes, correntes, indumentárias, tudo que leva a crer que mortos nenhuns se beneficiariam com tais comercializações. E onde se encontra a verdadeira devoção pelos mortos?
Negócios à parte, é um mar de gente vindo de todo o Nordeste, em todos os veículos imagináveis, confortáveis e desconfortáveis. São cabeças e sentenças que pisoteiam o chão do Cariri numa busca incessante da redenção. Vendo, assim do alto, não se distingue quem é quem na multidão, mas se sabe que o romeiro tem sua peculiaridade: os trajes, os olhares de ansiedade, os gestos, a fila indiana. Sabemos o que ele busca, e a temeridade que se tem, é que talvez custe ainda em encontrar. Os tempos mudaram, os ares são outros, a cidade é a mesma, mas as pessoas mergulharam num mar de vanguarda que o sacro anda ao longe. Salva-se, ainda, o pau-de-arara, aquele carro antigo e suas carrancas, e as indumentárias religiosas pintalgadas aqui e ali. Salva-se a fé, embora ainda encontrem uns benditos perdidos entre uma miçanga e um copo d´água. Falta nesse tempo de finados um quê de chamar a atenção de quem morreu e deixou seu marco fincado nessa terra de homens, santos e pecadores.
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